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Estudo avalia atendimento pré-natal, diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional nas capitais

De acordo com dados do Ministério da Saúde as taxas de detecção de sífilis adquirida vem aumento no Brasil, e este crescimento também é visto nos diagnósticos de sífilis gestacional. Estudo publicado no Cadernos de Saúde Pública (CSP), edição n.36, pela pesquisadora do Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB/FMT-HVD), Adele Schwartz Benzaken, buscou avaliar a adequação do atendimento pré-natal oferecido nas capitais brasileiras e o diagnóstico da sífilis gestacional através de dados públicos dos sistemas de informação de saúde.


Imagem: AdobeStock

Para realizar o estudo foi construído um indicador de Kotelchuck modificado para adequação do atendimento pré-natal, usando dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc). Os dados utilizados foram acessados em sites públicos.


De acordo com a publicação o perfil das gestantes associado ao atendimento inadequado foi avaliado com base na regressão logística. Para tal foram analisados 685.286 nascimentos, dos quais 2,3% das mulheres não receberam atendimento pré-natal. "O estudo demonstrou que a maior vulnerabilidade está associada com mulheres jovens, menos escolarizadas, raça/cor não-brancas, sem parceiros e com pré-natal inadequado"” explicou Benzaken.


"O uso de dados públicos revelou baixa adequação do atendimento pré-natal nas capitais brasileiras, denotando qualidade insuficiente para o diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional” disse.


Os dados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) revelaram que há disponibilidade mediana (27,3%) apenas de testes rápidos (TR) para sífilis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) das capitais brasileiras distribuidos pelo Ministério da Saúde (MS). Já a medicação utilizada para o tratamento da infecção, a penicilina benzatina, está disponível em 67,7% das UBS.


O estudo concluiu que o monitoramento contínuo pode ser realizado com o uso de dados públicos, indicando estratégias locais para eliminar a sífilis congênita. "Verificamos a necessidade de melhorar a qualidade da atenção primária e sua cobertura, e da atenção pré-natal como chave para o controle da sífilis congênita”, Benzaken.


O artigo  intitulada "Adequação de atendimento pré-natal, diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional: um estudo com dados abertos de capitais brasileiras" pode ser acessado aqui. São coautores: Gerson Fernando Mendes Pereira, Alessandro Ricardo Caruso da Cunha, Flavia Moreno Alves de Souza e Valéria Saraceni.


Sífilis -A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST)causada pela bactéria Treponema pallidum. A doença, exclusiva do ser humano, é curável e pode apresentar diversas manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária).


Além de afetar adultos, a infecção também pode ser transmitida para o bebê durante a gestação. A recomendação do Ministério da Saúde é que seja realizado o acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal a fim de prevenir a sífilis congênita (transmissão para criança durante a gestação).


Os sintomas da infecção podem variar desde feridas sem dor na região genital e boca, na fase inicial, até lesões ósseas, cardiovasculares e neurológicas, no estágio mais avançado. O diagnóstico é realizado por um profissional de saúde, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), através do uso teste rápido (TR) de sífilis. Já o tratamento é realizado com a medicação Penicilina Benzatina (benzetacil).


O Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB) é um grupo de pesquisa interdisciplinar, multiprofissional e interinstitucional dedicado ao estudo das principais doenças infecciosas na Amazônia Brasileira, localizado nas dependências da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). Atualmente o Instituto funciona como um consórcio entre a FMT-HVD, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia).

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