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Cobra Coral é tema de artigo científico

Cobras corais representam um grupo de serpentes venenosas diverso, porém pouco conhecido. Embora não sejam agressivas e raramente encontradas, são capazes de envenenar pessoas e provocar sintomas sérios, ou até mesmo a morte. Estudar esses animais é um desafio, pois os dados relativos à mordidas de cobras são baseados somente em casos reportados, os quais são raros com cobras corais.


Pedro Bisneto com cobra Coral verdadeira

O membro do Centro de Pesquisa Clínica em Envenenamento por Animais Peçonhentos (Cepclam) do Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB/FMT-HVD), Pedro Bisneto, desenvolve pesquisa a fim de caracterizar a importância epidemiológica e a história natural das principais espécies de cobras corais da Amazônia Brasileira. Pedro acaba de publicar o artigo "Coral snake bites in Brazilian Amazonia: Perpetrating species, epidemiology and clinical aspects" na edição de fevereiro da revista científica Toxicon.


O pesquisador é doutorando do programa de pós-graduação em Zoologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob orientação de Igor Luis Kaefer e coorientação do coordenador do Cepclam/IPCCB, Wuelton Monteiro.


O trabalho utilizou dados inéditos do Ministério da Saúde, avaliando 34 casos de acidentes com animais peçonhentos, os quais representam 0.05% dos acidentes por mordidas de cobras na Amazônia brasileira, no período de 2010 a 2015. De acordo com a pesquisa o grupo mais afetado por estes incidentes são trabalhadores do sexo masculino, em idade entre 20 e 50 anos, sugerindo risco ocupacional.


Cobra Coral verdadeira. Foto cedida por Pedro Bisneto.

Com base nestes resultados, os autores (ver artigo publicado) desenvolveram uma série de recomendações, tais como: execução de programas educacionais para evitar acidentes, ensinar a população e profissionais de saúde a realizar os procedimentos corretos em caso de mordida, além de indicar a necessidade de unidades de saúde preparadas para atender pacientes afetados por mordidas de cobra coral nas regiões mais afetadas.


"As nossas recomendações tem três públicos-alvo: as autoridades, que tem o poder de realizar as políticas públicas que nós sugerimos ao longo do texto; os profissionais de pesquisa e de saúde, que podem desenvolver novos tipos de tratamento, criar redes de colaboração, realizar novas pesquisas e melhorar o reconhecimento das espécies causadoras e dos sintomas para uma melhor abordagem no tratamento; o público em geral, especialmente as pessoas em maior risco de sofrerem esses acidentes: aquelas que, por qualquer motivo, estão em contato com esses animais", explica Pedro.


Doutorado

Além de identificar os aspectos clínicos e epidemiológicos dos acidentes por cobras-corais na região amazônica, o trabalho de doutorado de Pedro também visa descrever os acidentes atendidos na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).


Esses dados, em conjunto com informações de serpentes guardadas na coleção científica da FMT-HVD, estão sendo utilizados para realizar um levantamento sobre quais fatores clínicos, epidemiológicos, sociais, ambientais e ecológicos podem estar associados com esses acidentes que acontecem no Amazonas. O estudante é bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).


De acordo com o estudante a pesquisa é dividida em duas partes. "A primeira é a revisão da literatura sobre os casos publicados para a região amazônica, tanto do Brasil quanto de outros países. A outra parte, que traz dados completamente novos, se refere aos dados obtidos do Ministério da Saúde do Brasil, através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)".


Para Pedro a maior contribuição que a pesquisa trará, especialmente para a população amazônica, são as recomendações geradas a partir dos dados e observações do trabalho. As recomendações poderão auxiliar no treinamento adequado dos profissionais que lidando diretamente com os pacientes, ajudando na diferenciação de uma cobra-coral verdadeira de uma

Cobra Coral "falsa". Foto cedida por Pedro Bisneto

(inofensiva); reconhecimento dos sintomas apresentados pelos pacientes picados, evitando desperdício de soro, ou subdosagem; bem como educação da população quanto a presença desses animais e como agir em caso de mordida.

 

Coral snakes represent a diverse but little-known group of poisonous snakes. Although they are not aggressive and rarely found, they are capable of poisoning people and causing serious symptoms, or even death. Studying these animals can be a challenge, as the data related to snake bites are based only on reported cases which are rare with coral snakes.


Pedro Bisneto, a member of the Center for Clinical Research Center for Injuries by Venomous Animals (Cepclam) of the Carlos Borborema Clinical Research Institute (IPCCB / FMT-HVD), develops research in order to characterize the epidemiological importance and natural history of the main species of coral snakes in the Brazilian Amazon.


Pedro's paper "Coral snake bites in Brazilian Amazonia: Perpetrating species, epidemiology and clinical aspects" has just been published in the February edition of the scientific magazine Toxicon. The researcher is a doctoral student on the Zoology Graduate Program at the Federal University of Amazonas (Ufam), advised by Igor Luis Kaefer (UFam) and the coordinator of Cepclam/IPCCB, Wuelton Monteiro.


This research analyzed novel data from the Ministry of Health and evaluated 34 cases of accidents with venomous animals, which represent 0.05% of snake bite accidents in the Brazilian Amazon, from 2010 to 2015. According to the research the most affected group are male workers, age 20-50 years old, suggesting occupational risk.


Based on these results the authors (see published paper) developed a series of recommendations, such as: implementing educational programs to avoid accidents, teaching the population and health professionals to perform the correct procedures in the event of a bite, and improvements on health facilities to care for patients affected by coral snake bites in the most affected regions.


"The recommendations have three target audiences: the authorities, who have the power to carry out policies that we have suggested throughout the paper; the scientists and health professionals, who can develop more treatment options, develop collaborations, conduct new researches and improve the recognition of the causative species and symptoms for a better approach to treatment; the general public, especially those at risk of suffering these accidents: people that for whatever reason are in contact with these animals ", explains Pedro.


Doctorate degree

In addition to identifying the clinical and epidemiological aspects of accidents by coral snakes in the Amazon region, Pedro's doctoral work also aims to describe the accidents suffered by patients of the Tropical Medicine Foundation Doctor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).


The data from this research combined with data from FMT-HVD's snake scientific collection are being used to carry out a survey on which clinical, epidemiological, social, environmental and ecological factors may be associated with coral snake bite accidents in Amazonas state. The student receives a scholarship funded by the Foundation for Research of the State of Amazonas (Fapeam).


According to Pedro the research is divided into two parts. "The first is the review of the literature on cases published the Amazon region, both in Brazil and in other countries. The other part, which brings completely new data, refers to the data obtained from the Ministry of Health of Brazil through the System Information System for Notifiable Diseases (Sinan) ".


Pedro believes that the greatest contributions this research will bring, especially for the Amazonian population, are the recommendations generated from the data and observations. The recommendations can assist in the adequate training of professionals who deal directly with patients, helping to differentiate a true coral snake from a false one (harmless); recognition of the symptoms presented by the bitten patients, avoiding wasted serum, or underdosing; as well as educating the population about the presence of these animals and how to act in the event of a bite.